quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

i Sua Majestade Imperial Dona Amélia, Imperatriz Consorte do Brasil

  • Dona Amélia e sua filha, a princesa Maria Amélia, em 1840.
    por Friedrich Dürck pintor retratista alemão.

  • Detalhes: No  dia 26 de abril de 1814,  Eugenio de Beauharnais então  vice-rei da Itália é forçado a abandonar seu trono e vai procurar asilo na Baviera ,cujo soberano é seu sogro Maximiliano I José, da Casa de Wittelsbach, que reinou de             1 de janeiro de 1806 a 13 de outubro de 1825.
    E no Congresso de Viena, Eugenio de Beauharnais esperava um principado e uma renda anual.
     Ofereceram  o Principado de  Pontecorvo, do qual Jean-Baptiste Bernadotte, duque de Pontecorvo, maréchal de France , mas agora Carlos XIV & III João , rei da Suécia e da Noruega, era príncipe hereditário, mas ele não aceitou  voltou para Munique, onde gozava da estima dos Wittelsbach.
    Eugenio tinha sido elevado por seu pai adotivo, Napoleão I Bonaparte Príncipe francês em 12 ° ano pluviôse XIII (1 de fevereiro de 1805), Vice-rei da Itália em 7 de julho de 1805 - 20 de abril de 1814, príncipe de Veneza em 17 de dezembro de 1807,Grão-Duque de Frankfurt em 1 de março de1810, com as honras de Son Altesse Impériale - Sua Alteza Imperial.
    Para garantir o sustento de seu genro, de sua filha, e netos, o rei Maximiliano I José  concedeu o Ducado de Leuchtenberg, domínio da Casa de Wittelsbach desde 1650, a Eugenio de Beauharnais,  em 14 de novembro de 1817.
    Eugenio não era mais príncipe francês desde 1815 com a Queda de Napoleão e restauração dos Bourbons no Trono de França.
    Assim sua titularidade passou a ser de  Son Altesse Royale Eugène, duc de Leuchtenberg et prince d'Eichstätt - Sua Alteza Real Eugène, Duque de Leuchtenberg e Príncipe de Eichstätt, até sua morte em  21 de fevereiro de 1824, portanto, 6 anos, 3 meses e 7 dias.
    Nenhum de seus filhos com Auguste Amélie Louise, princesse de Bavière,  manteve a titularidade de Sua Alteza Imperial como príncipes franceses, nenhum.
    1-      Princess Joséphine Maximiliane Eugénie Napoléonne de Beauharnais (1807-1876) passou a ser de 14 de novembro de 1817 a  22 de maio de 1823 , Son Altesse Sérénissime la princesse Joséphine de Leuchtenberg, duchesse de Galliera.  Quando seu marido Oscar I assumiu o trono duplo da Suécia e da Noruega passou a ser  Sa Majesté la reine de Suède et de Norvège;
    2-      Princess Eugénie Hortense Auguste de Beauharnais (1808–1847), conhecida como Eugénie de Beauharnais , princesa de Leuchtenberg ,  por seu casamento com Friedrich Wilhelm Konstantin Hermann Thassilo, príncipe soberano de Hohenzollern-Hechingen. Com a honra de Son Altesse.
    3-      Prince Auguste Charles Eugène Napoléon de Beauharnais, Segundo duque de  Leuchtenberg , por seu cunhado Dom Pedro I feito duque de Santa Cruz, em 5 de novembro de 1829, casou com dona Maria II , rainha de Portugal, com a honra de Sua Alteza Real, o Príncipe Consorte de Portugal. Morreu jovem com 34 anos no dia 28 de março de 1835, como vemos um  irmão da Imperatriz Dona Amélia;
    4-      Princess Theodelinde Louise Eugénie Auguste Napoléone de Beauharnais (1814–1857). Em 8 de fevereiro de 1841, aos 26 anos, casou-se em Munique com o conde  Friedrich Wilhelm Alexander Ferdinand of Württemberg, da casa de Württemberg. Antes que esse fosse elevado a duque de Urach, Theodelinde morreu no dia - 1 de abril de 1857. Por ser Sua Alteza Real princesa de Leuchtenberg, manteve o Sua Alteza Real quando e tornou condessa de Württemberg;
    5-      Maximilian Joseph Eugene Auguste Napoleon de Beauharnais, terceiro duque de Leuchtenberg, com a honra de Sua Alteza. Se se casou com a grã-duquesa Maria Nikolayevna da Rússia em 2 de julho de 1839 na capela do Palácio de Inverno . Ela era a filha mais velha de Nicolau I da Rússia e Charlotte da Prússia .Seu sogro Nicolau I concedeu a ele em 14 de julho de 1839 o título de príncipe Romanowsky com honra de Alteza Imperial , mas faço notar que o Alteza Imperial não era por ser ele filho de Eugène de Beauharnais e da princesa Augusta Amalia, antigos príncipe francesas com honras de Alteza Imperial.
    Vemos que a Princess Amélie Auguste Eugénie Napoléone de Beauharnais nascida no dia 31 de julho de 1812, na cidade de Milão , Reino da Itália, onde seu pai era Vice-rei com a Queda do Império de Napoleão  I, não mais era uma princesa francesa, nem tinha a honra de Alteza Imperial, os Bourbons reinavam em Paris.
    Tanto Maximiliano I José quanto Eugenio de Beauharnais, duque de  Leuchtenberg, apesar da fama de Dom Pedro I de devasso espalhada pela  família Imperial Austríaca, fizeram muito gosto do casamento deles, pois mantinha a Família de Beauharnais – Leuchtenberg com status real.
    Isso sem falar no casamento de Auguste Charles Eugène Napoléon de Beauharnais com Dona Maria II.
    Apesar de Dona Amélia viúva ter se estabelecidos em Portugal com a filha,  não eram considerados parte da família real portuguesa.
    E dona Maria Amélia Augusta Eugênia Josefina Luísa Teodolinda Heloísa Francisca Xavier de Paula Gabriela Rafaela Gonzaga, só em 1 de dezembro de 1831  e que se tornou Sua Alteza, Princesa Dona Maria Amélia, princesa do Brasil.
    Mas essa princesa de triste destino faleceu no Funchal, no dia 4 de fevereiro de 1853.
    Creio que as relações entre Dona Amélia e  enteada, Dona Maria II, bem como com  a Corte Portuguesa eram formais e protocolares, nada mais. 



  • Vamos a notável  carta datada de 28 de novembro de 1853 de Dona Eugénia Maurícia de Almeida Portugal, Duquesa de Ficalho, heroína portuguesa,  camareira-mor de D. Maria II, ou seja, a principal dama da rainha de Portugal, que relata o falecimento da soberana  a seu irmão, o 2.º conde do Lavradio:
  • "Às duas horas depois da meia-noite do dia 14 para 15, recebi ordem para ir para o Paço, onde cheguei perto das três.
    Achei já a Imperatriz no quarto da Rainha, para onde entrei logo, achando Sua Majestade incomodada e mesmo pouco fora do seu costume.
    Assim estivemos até às cinco horas, e então saímos do quarto imediato e perguntámos ao Teixeira o que achava, dizendo-nos: "Sua Majestade vai bem mas devagar".
    Eu não gostei; e assim se foi passando até às oito horas e meia. Então é que o Teixeira chamou os facultativos, que estavam fora e que não tinham visto a Rainha, e, logo que a examinaram, decidiu-se a horrível operação.
    Os facultativos eram o Teixeira, o Farto e o Kessler, e os médicos eram o Elias e o Benevides.
    O Kessler deu logo o caso por muito perigoso.
    Começou-se a operação.
    Eu subi para cima da cama.
    Do lado direito, a Imperatriz, toda debulhada em lágrimas.
    A Rainha com ânimo, sem ter um desmaio, mas com muito mau parecer e, queixando-se de que sofria bastante, disse com a sua voz natural: "Ó Teixeira? Se tenho perigo, diga-mo; não me engane".
    A Imperatriz desceu da cama, e disse-me: "A Rainha deve-se confessar"; e foi logo dizê-lo a El-Rei, que respondeu: "Chamem o Patriarca".
    Ora a este tempo já o Farto tinha baptizado o menino.
    O Patriarca entrou, e a operação não estava de todo acabada, e tudo era horroroso, mas eram mais de dez horas.
    Acabou-se, e o Patriarca falou com a Rainha, que estava bem mal, e disse-lhe que fizesse com ele o acto de contrição para a absolver, mas, depois disto, pôde Sua Majestade confessar-se, sacramentar-se e ungir-se, e às onze horas e meia expirou.
    Ora, ora, senhora historiadora quem é a Imperatriz?
    A Imperatriz era Dona Amélia de Leuchtenberg, ou seja, Sua Majestade Imperial Imperatriz Amélia, duquesa viúva de Bragança, como era tratada na Corte Real Portuguesa.
    Em Paris, no dia 30 de novembro de 1831 a imperatriz deu à luz a princesa Maria Amélia Augusta Eugênia Josefina Luísa Teodolinda Heloísa Francisca Xavier de Paula Gabriela Rafaela Gonzaga, que veio a falecer por causa de uma tuberculose na ilha do Funchal, 4 de fevereiro de 1853, cognominada "A Princesa Flor", princesa do Brasil.
    A imperatriz voltou a residir em Lisboa no Palácio das Janelas Verdes, onde morreu em 26 de janeiro de 1873, aos sessenta anos.
    Com isso tento provar a inverdade da informação da historiadora citada sobre aquela que foi Sua Majestade Imperial Dona Amélia, Imperatriz Consorte do Brasil de 2 de agosto de 1829 – 7 de abril de 1831, Sua Majestade Imperial Imperatriz Amélia, duquesa de Bragança de 10 de junho de 1831 - 24 de setembro de 1834.
    No dia 26 de janeiro de 1873, no Palácio das Janelas Verdes, Lisboa, capital do Reino de Portugal e Algarve e do Império Ultramarino Português, faleceu aos sessenta anos de idade,, portanto, jovem a “ imperatriz”, ou seja, a senhora Dona Amélia de Leuchtenberg, batizada como Amélie Auguste Eugénie Napoléone, nascida Sua Alteza Sereníssima a Princesse de Leuchtenberg, que se tornou pelo casamento realizado na Mui Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, em 17 de outubro de 1829, com SMIR o senhor Dom Pedro I & IV, Imperatriz do Brasil.
    Em homenagem a esse enlace o senhor Dom Pedro instituiu a Imperial Ordem da Rosa, a principal Ordem Honorífica Brasileira do Império, e o seu desenho foi idealizado por Jean-Baptiste Debret que, segundo discutido por historiadores, ter-se-ia inspirado ou nos motivos de rosas que ornavam o vestido de Dona Amélia ao desembarcar no Rio de Janeiro.

    Seus restos mortais jazem na cripta do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo, trasladados para o Brasil em 1982.